O nosso ciclo diário é composto por sono-vigília. Este ciclo é gerido pela glândula pineal – um órgão minúsculo no centro do nosso cérebro – que é regido pelo sol, pelo horário solar.

Dormir deveria ser sagrado. O sono é um componente primordial da vida e da saúde, sem ele acabaríamos por morrer ao fim de pouco tempo. Aliás, o tempo que podemos viver sem dormir não é sequer conhecido.

O sono é induzido pela melatonina, uma hormona produzida pela pineal, cujos níveis começam a aumentar à medida que o dia escurece e a noite avança. Este “relógio solar” interno rege os horários máximos, mínimos e intermédios do funcionamento de todas as hormonas, órgãos, e os ritmos de funcionamento de todos os sistemas (digestão, pressão arterial, funcionamento do fígado, intestinos, regulação do açúcar no sangue, etc.). A este ritmo sincrónico interno chamamos de Ciclo Circadiano. Se não contrariarmos este ritmo, mantemos a vitalidade; se o contrariarmos, poderão advir muitas consequências nefastas.

No adulto, o sono é caracterizado por ciclos de uma hora e vinte a uma hora e trinta cada um, que se iniciam e terminam com sono ligeiro, e, a meio do ciclo, o sono é profundo – nesta fase pode observar-se um movimento rápido dos olhos (denominada fase REM). Em oito horas de sono decorrem cinco ou seis grandes ciclos de sono. Na fase REM é quando sonhamos e temos grande atividade cerebral com optimizações cognitiva e de memória. É o período em que o cérebro repassa todo o dia que viveu, e arquiva informação de forma organizada e consolidada. A consolidação das memórias, através do sono, permite a formação de memórias a longo prazo, de memórias conscientes lembradas, de memórias de linguagem, entre outras.

A sociedade moderna tem abusado no não-respeito pelo horário de sono, na tentativa de aumentar a produtividade, ou apenas pela dependência das redes sociais, vídeo-jogos ou afins, em horário nocturno. Estas situações geram Privação de Sono (PS), com consequências tanto mais graves, quanto mais tempo durarem.